No espaço da mítica casa Margaridense, famosa pelo seu pó-de-ló, abriu portas a Casa de Ló. Um lugar multifacetado e espaçoso que recuperou a antiga mobília dando-lhe um toque de contemporaneidade. Na área da loja, com antigos móveis em madeira e balcão em mármore vendem-se chocolates d`Avianense, biscoitos, marmeladas, geleias, chás e claro o pão-de-ló Margaride. As portas da loja dão para a casa de chá que à noite se transforma em bar.
Observações: Outro contacto: 914 900 409Ali não se vai apenas comprar o pão-de-ló da Margaridense e matar as saudades da marmelada em tigelas de barro. Vai-se também à procura do cheiro e recordações de outrora. É um ponto de encontro de sabores e afectos.
Se há casas que marcam gerações, a Casa Margaridense foi daquelas que cristalizou na memória dos portuenses, e não só, que ali iam comprar os famosos pães-de-ló. Por esse motivo é que muitos lamentaram o fecho desta casa centenária que aconteceu há dois anos.
Porém, duas amigas, Sara Pinto e Adriana Rocha, descobriram por detrás daquelas portas, da pequena Travessa de Cedofeita, uma oportunidade para enfrentarem um novo desafio. Ali estava um espaço à medida das suas ambições. No centro do Porto, repleto de história e a merecer uma reabilitação.
Ao longo de um ano arregaçaram as mangas e meteram literalmente mãos à obra: limparam, renovaram e readaptaram móveis e espaços. “Com o apoio de amigos e conhecidos fizemos de tudo, foi intenso mas muito satisfatório”, conta Sara Pinto, ainda com brilho nos olhos. “Queríamos preservar a memória do que tinha sido e fizemos um trabalho de reciclagem de tudo o que podia ser recuperado”, acrescenta.
Na organização do espaço tiveram a colaboração do arquitecto António Pedro Valente que tinha critérios rigorosos: manter o espírito do espaço e ao mesmo tempo trabalhar com um orçamento modesto. E o resultado é uma casa que prima pela simplicidade: sem corantes nem conservantes como as geleias e compotas que ali se vendem.
Regresso ao passado
Na verdade, mal se entra na porta respira-se de alívio. O espaço não sendo igual ao que era, mantém a essência: as cores, os balcões, armários, o relógio, o cofre onde se guardavam as receitas e alguns dos mesmos sabores de sempre.
Todavia, falta um elemento: o famoso símbolo do pão-de-ló que existia por cima da porta de entrada já não está lá e teve de ser substituído por uma nova placa. “Não fomos nós que o tiramos. Já cá não estava quando viemos para aqui. Prefiro pensar que alguém o tem em casa guardado e que não tenha desaparecido num acto de vandalismo”, confessa Sara Pinto.