Escapadinha de Inverno na Rota da Terra Fria Transmontana

Longe da vista, perto do coração, há um território mágico e genuíno que se estende por cinco concelhos do distrito de Bragança, da serra ao rio, entre paisagens arrebatadoras, aldeias de ontem e tradições de sempre: a Terra Fria Transmontana. De inverno não faltam lugares para aquecer o corpo e a alma, seja no aconchego da lareira ou no cume de uma montanha nevada. Venha descobrir esta terra de mãos frias e coração quente.

Tal como os dedos de uma mão, com mais a uni-los que a separá-los, também os concelhos de Vinhais, Bragança, Vimioso, Miranda do Douro e Mogadouro, souberam juntar-se em prol de um fim comum: dar a conhecer aos visitantes a riqueza e diversidade do extremo nordeste do país. Para isso, criaram um percurso de 455 quilómetros – a Rota da Terra Fria Transmontana – que revela não só o património local mas também a Natureza, a gastronomia e a etnografia da região.

Entre os vários programas à disposição, está uma Escapadinha de Inverno com 4 noites/5 dias (desde 280€) que inclui alojamento numa unidade aderente, refeições e atividades, entrada nos locais indicados, um guia (em papel) e um mimo especial – a Maxi Box – composto por mel de Montesinho, um sabonete de leite de burra, um canivete artesanal de Palaçoulo, um cantil e um chapéu.

Dia 1: Sabores temperados pela serra

Bragança, a capital de distrito, serve de ponto de partida a esta  viagem mas o primeiro dia de passeio há de ter como cenário o concelho vizinho de Vinhais. Depois de feito o check in (altura em que se recebe a Maxi Box) e de uma breve passagem pela aldeia de Moimenta, o destino seguinte é Vinhais, a Capital do Fumeiro. A mais famosa feira da vila, na primeira quinzena de fevereiro, é um bom pretexto para conhecer a localidade mas no resto do ano também não faltam lojas, restaurantes ou portas abertas (não fique surpreendido se o convidarem a provar uma “especialidade caseira”) que fazem jus à qualidade dos produtos locais como a linguiça ou o salpicão. Enquanto o jantar não chega (a primeira refeição incluída no programa) aproveite para descobrir o Convento de São Francisco e o Parque Biológico de Vinhais, situado em pleno Parque Natural de Montesinho. Um prenúncio da fauna, flora e geografia que domina esta área protegida, tão grandiosa como serena.

Dia 2: A dama brigantina e os rapazes aldeões

Bragança e arredores tem mais para ver e fazer do que se imagina, por isso deixa-se Montesinho para o dia seguinte e dedica-se este ao centro histórico e à cidadela, onde pontificam o castelo (a vista da torre de menagem é imperdível), a Domus Municipalis e a Igreja de Santa Maria. É também lá que encontramos o Museu Ibérico da Máscara e do Traje, onde, num ápice, somos transportados para as festas dos rapazes e para o Entrudo Chocalheiro que enchem de cor e boa disposição o inverno  de muitas aldeias da região.

Entre refeições (em Bragança há sete restaurantes aderentes à rota) acontece outro dos momentos altos do programa: uma oficina de pão ou doçaria, confecionados e (comidos) pelos participantes. Quem preferir outro tipo de atividades também pode optar por uma oficina de artes e ofícios com artesãos locais, como fabrico de instrumentos musicais tradicionais, trajes típicos ou ferro forjado. Para final de dia, nada melhor que um serão no aconchego da lareira entre vinhos e petiscos ou, por que não, a molhar um pedaço de pão num fio de azeite transmontano.

Dia 3: Da serra ao planalto mirandês

Lá fora a Natureza chama por nós por isso nada melhor que partir à descoberta do Parque Natural de Montesinho, com especial destaque para a surpreendente paisagem – da alta montanha à mata, passando pelos lameiros, onde são criadas as vacas mirandesas – e para as aldeias que o polvilham, como as fronteiriças Rio de Onor (onde persiste a vida comunitária) ou Quintanilha. Quem preferir mais acção também pode optar entre canorafting, rappel ou touring 4x4.

A tarde será dedicada a outra oficina com artesãos locais e à visita a Vimioso, concelho em pleno planalto mirandês cuja história é indissociável da defesa da nacionalidade. Que o diga o imponente castelo de Algoso, a menos de 15 quilómetros da sede de concelho.

Dia 4: Em defesa das tradições, dos sabores e… dos burros

No quarto dia de passeio espera-o um “cachito de cielo na terra” (um pedaço de céu na terra) como gostam de dizer as gentes de Miranda do Douro no seu dialeto local, entretanto consagrado língua nacional. Por aqui se vê a antiguidade desta povoação, ao mesmo tempo sentinela militar da fronteira norte do Douro e referência religiosa da região, expressa na imponente sé e no edifício episcopal. À guerra e à fé juntam-se as tradições e a cultura, representadas, por exemplo, no Museu das Terras de Miranda e na Casa da Música de Miranda, ambos no coração do centro histórico da cidade.

Depois das dúvidas à hora do almoço – não é fácil escolher entre a posta mirandesa e o cabrito assado na brasa – chega outra opção difícil de tomar: visitar a oficina de um artesão local ou o Centro de Interpretação do Burro de Miranda? Se escolher a segunda em troca ainda recebe um passeio neste simpático e felpudo animal. Ahhh, terra “marabilhosa”!

Dia 5: Outras geografias sentimentais

Este  passeio aproxima-se do fim por isso ficou reservado o último dia para o único concelho da Terra Fria que ainda falta visitar:Mogadouro. Terra de templários e de Távoras, de celtas e muçulmanos, guarda vestígios carregados de história, como o Castro de Vilarinho de Galegos, construção da idade do Ferro mas habitado até ao tempo dos romanos, ou o castelo da vila, uma das primeiras fortalezas templárias do país.

Por lá também passou Miguel Torga, esmagado pela “rudeza” e “tirania” desta paisagem transmontana. “Entra nos olhos e não sai mais”, escreveu. E o resto é poesia, seja em forma de paisagem, tradição ou cultura.

 

 Conheça aqui os locais onde pode reservar as Escapadinhas.

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