EXPERIÊNCIA #39 - Museu Nacional dos Coches

Fausto sobre rodas

"A profusão exuberante das talhas douradas (...) os embutidos, os mosaicos (...) os brocados e os veludos, os vidros da Boémia, produzem um verdadeiro deslumbramento." Luciano Freire, professor e académico.

É o museu mais visitado de Lisboa, quer pela sua originalidade, quer pela riqueza e diversidade da sua colecção. A mudança para um edifício de raiz, envolvida desde o início em alguma polémica, como qualquer intervenção numa zona de Lisboa onde coexistem dois patrimónios mundiais (Jerónimos e Torre de Belém) concretiza-se em maio de 2015.
Tudo começou com um gesto da rainha D. Amélia, em princípios do século XX. Porque não agrupar num só lugar todos os esplêndidos veículos cerimoniais utilizados, ao longo dos tempos, pela corte portuguesa? Assim se fez e, no antigo picadeiro do Palácio de Belém nascia um museu sem paralelo.
A colecção exposta é das mais ricas do mundo, ali podendo ser vistos coches desde o século XVII até ao século XIX. O mais antigo terá transportado Filipe II de Espanha, durante a sua estada em Lisboa. Vendo estes carros, em madeiras exóticas e forrados a ouro, melhor se compreende o velho costume romano de colocar na quadriga que transportava os cônsules, durante o triunfo, um escravo cuja tarefa era recordar-lhes um facto elementar: «Lembra-te que és apenas um homem...»

CURIOSIDADES

Museu centenário – A inauguração remonta a 1905, tendo a iniciativa da criação do museu, cabido à Rainha D. Amélia que, para o efeito, mandou utilizar o picadeiro do Palácio de Belém.

Veículos sumptuosos – De entre o património do museu avultam os três coches utilizados em 1716 pelo Marquês de Fontes, por ocasião da embaixada ao Papa Clemente XI, construídos em Roma. A decoração inspira-se nos descobrimentos portugueses. Outros são de fabrico português. É o caso do chamado Coche de D. João V, com painéis da autoria de José da Costa Negreiros e talha dos irmãos José e Vicente de Almeida. O mesmo sucede com o Coche de D. Maria Benedita, com pinturas de Pedro Alexandrino. E, sobretudo, dos coches de D. José e de D. Maria I, respectivamente, com pinturas de Volkmar Machado e Pedro Alexandrino.

Carro para viajar – Curiosamente, o mais antigo dos veículos do museu é o menos exuberantemente decorado. O coche que transportou Filipe II a Portugal parece ter sido concebido para viajar confortavelmente e não para ostentação. É assim descrito por Luciano Freire, no Guia de Portugal: «Coberto de couro, com pregaria metálica, cómodo mas pobre no aspecto decorativo, como convinha para grandes viagens, pouco se recomenda artisticamente, mas é, pela sua raridade, um objecto precioso, único da sua época, salvo outro que, ainda há pouco, existia na Rússia, no Museu do Kremlin.

Estafermos e afins – O acervo do museu está longe de se resumir a veículos para fins cerimoniais. Para além de cadeirinhas, arreios e aprestos diversos, existe ainda um estafermo, artefacto de forma humana, dotado de escudo e chicote e que servia para o adestramento dos cavaleiros.

INFORMAÇÕES

Acessos
De comboio, pela Linha do Estoril, estação de Belém
De eléctrico pela carreira nº 15
Museu Nacional dos Coches
Praça Afonso de Albuquerque
Tel. 213 610 850

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