A farmácia numa colher de chá

Margarida, do blogue Pano Pra Mangas, não tem falta de chá. Mulher prevenida, acautela o que aí vem e socorre-se das plantas para afugentar as gripes e constipações do outono que agora começa. Vai um chazinho?

Setembro é sinónimo de reinício, de regressar à vida, de arrumar o biquini na gaveta e tirar do escuro as roupas mais quentes – ainda que as temperaturas não permitam que as usemos já, pois os dias continuam quentes. E por contraste, as noites já são frescas e é nestes extremos de amplitudes térmicas que se prolongam, pelo menos, até ao final de Outubro, que surgem as primeiras constipações e consequentemente as corridas à farmácia na meca de um qualquer anti-gripe, de uns pingos para o nariz ou de um xarope para a tosse. Quem já não saiu de casa a horas tardias para uma destas maratonas, andando de farmácia em farmácia até perceber que a que está de serviço fica, afinal, quase ao lado de casa?

Na minha mala não costuma faltar a clássica Aspirina mas se até essa puder evitar, eu evito. Daí a parafernália de chás se multiplicar por latas e latinhas num dos armários da despensa, as quais costumo abastecer no Verão nas muitas feiras e mercados que visito. Outras há que tenho no quintal e basta-me apenas abrir a porta e colher.

Algumas das mezinhas caseiras a que recorro já as sei dos tempos das minhas avós como por exemplo xarope de cenoura ou de agrião para a tosse. Mais recentemente rendi-me ao chá de casca de cebola, mas até ter coragem de o provar...afinal não sabe a nada e é remédio santo.

Não sou fã de camomila – simplesmente porque não me sabe a nada, mas o certo é que uma chávena de chá antes de ir para a cama ajuda-me a adormecer. Apesar de não gostar do “não-sabor”, prefiro comprá-la natural a adquiri-la em saquetas já processada (esse então, sabe-me a papel!). E este ano acrescentei várias plantas/flores à minha colecção – algumas apenas pelas suas propriedades e outras porque visualmente são bastante atractivas, como é o caso das perpétuas roxas e das pétalas de rosa.

Outras duas que recomendo vivamente são a bela-luísa (nome dado à lúcia-lima aqui pelo sul) e erva príncipe, que além de fazer um chá saboroso serve ainda para cozinhar – se a uns legumes salteados acresentar umas tiras desta folha verá o sabor exótico que consegue.

Ahhh, e mel! Não esquecer o mel: para quem não dispensa o doce no paladar e, em muitos casos, para acrescentar outras propriedades à mezinha que acabou de preparar.

Pode continuar a ir à farmácia. Percorrer a sua cidade entre um espirro e outro à procura de uma porta aberta, mas também pode ter em casa uma farmácia natural que não só é muito mais saudável como atractiva – imagine abrir o armário e em vez de caixas de cartão com o nome dos medicamentos e laboratórios impressos, encontrar um conjunto de latas ou frascos mais ou menos coloridos de acordo com o conteúdo.

Para mais informações sobre os benefícios de cada planta ou de como curar os males recorrendo às mesmas, recomendo os seguintes livros:


Guia de Remédios Naturais para Crianças de Sofia Loureiro

Guia de Remédios Naturais para Mulheres de Sofia Loureiro

Naturopatia de João Beles

Ervas – Usos e Saberes de José Salgueiro

Beba um chá. Pela sua saúde. Pelo seu bem-estar. Ou simplesmente a acompanhar uma boa conversa, pois como diz o ditado: "Conversas sem chá é como um céu sem lua."

 

A autora e o blogue
Inseparável da máquina fotográfica e do bloco de apontamentos, quando não anda em trânsito Margarida Vargues vive em Faro. Professora de Inglês de formação, e life coach de coração, criou o blogue Pano p’ra Mangas em 2005 para mostrar os seus trabalhos manuais e outras ocupações das horas livres. Em 2012 foi para Londres onde ficou um ano e meio. Regressou ao Algarve onde vive entre a mini-horta, a máquina de costura e os mil e um projetos a que vai emprestando as suas artes.
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